domingo, 2 de outubro de 2011


A despedida do Trema¨
Estou indo embora. Não há mais lugar para mim.
Eu sou o trema.
Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali naAnhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüenta anos. Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos!
Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio… A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. O dois-pontos disse que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé. Até o Cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?
A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W. “Kkk” pra cá, “www” pra lá. Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que, aliás, deveria se chamarTÜITER.
Chega de argüição, mas estejam certos seus moderninhos: haveráconseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou “tremendo” de medo.
Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o Alemão, lá eles adoram os tremas.
E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar.
Nos vemos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.
Adeus..
Trema¨

Adorei esse texto, expressa bem o que o trema deve ter sentido antes de partir. 
É de autoria de Lucas Nascimento, o blog tá ae: 

quinta-feira, 30 de junho de 2011

E as suas garrafas? Estão cheias?




A menina pegou a carteira, enfiou os dedos no compartimento secreto e sentiu a chave fria, pegou-a, apertou na palma da mão e a colocou no bolso onde permaneceu com a mão. Esperou todo mundo sair. 

Então a menina foi para o quarto, abriu a última gaveta, tirou as roupas do fundo e puxou umas garrafas vazias. Abriu outra gaveta e tirou mais algumas garrafas, fez isso com todas as gavetas. Pegou uma mochila grande e foi empilhando delicadamente as garrafas dentro dela. Em seguida foi para a parte em que as roupas ficam estendidas no guarda-roupa, empurrou-as para o lado e pegou uma caixinha de metal com um cadeado na frente. Pegou a chave no bolso e abriu-a. Dentro havia pequenos tesouros da menina. Um papel de bala, uma pétala seca, um pingente, um guardanapo escrito... a menina se perdeu no tempo olhando e remexendo naqueles guardados. De repente, como quem sai de um transe, olhou para a caixa, pegou um pequeno envelope com os dizeres POSTO DE TROCA, abriu, leu, fechou os olhos e repetiu pra si mesma o endereço contido no papel. Pôs de volta no envelope, o envelope na caixa e trancou. Empurrou para o fundo do guarda-roupa, arrumou os cabides tampando a caixa. Pegou um banco e subiu ao lado do guarda-roupa, na ponta do pé esticou a mão e sentiu uma garrafa vazia. Uma a uma a menina colocou mais algumas garrafas na mochila e a fechou.
Fez uma ligação: “Tudo pronto?... Tá, vou sair agora!” Desligou e saiu de casa, foi até o início de sua rua, virou à esquerda. 
Mais umas ruas à frente um menino esperava na esquina. Quando ela se aproximou puseram-se a caminhar lado a lado. Em silêncio eles continuaram caminhando por algum tempo. Até que o menino mostrou a palma da mão com alguma coisa escrita: “Era isso?”. “Sim”, respondeu a menina. “Igual o meu!”. Continuaram. 
Andaram muito, muito, muito, muito. Chegaram a uma rua impossível de descrever. “É aqui mesmo?” perguntou o menino. Ela afirmou com a cabeça e foram andando. Há alguns minutos mais à frente, o garoto viu o local que eles vieram encontrar aumentando e se aproximando a cada passo. Era ali! Não restavam dúvidas. Eles viraram de frente para a grande construção hesitantes por alguns segundos. Depois respiraram fundo e subiram os três degraus até a entrada. Passaram pela porta e pararam frente ao balcão. 
O menino, que era mais alto, tocou a campainha. O tilintar se espalhou no meio de todo aquele calmo silêncio. Não demorou muito apareceu um senhor bem velhinho por detrás do balcão. Ele tinha a cara simpática de quem vende as mais deliciosas balas do universo. Ele sorriu e aguardou. Os dois amigos tiraram as mochilas, agacharam, abriram-nas e colocaram em cima do balcão. Enquanto o velho aproximava-se para conferir o conteúdo, a menina foi explicando: “Disseram que se tomássemos tudo, podíamos vir buscar a felicidade”. O velho entendeu, olhou para o conteúdo de uma das mochilas, o rótulo nas garrafas trazia apenas uma palavra: Juízo.


Uma homenagem ao meu amigo Aristeu Jr  =)


E você, já tomou juízo hoje?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Renascendo das cinzas

Voltei. Depois de anos resolvi aparecer no blog. Com o tempo - ou conforme minha vontade - vou deixando mais de mim aqui... Pra começar, uma homenagem à minha nova faculdade - Letras. Nada melhor que uma metalinguagem né. 
>>> Metalinguagem - é a propriedade que tem a língua de voltar-se para si mesma. Como um post no blog falando sobre post no blog... Tendeu?


 Aqui vai uns quadrinhos com metalinguagem.







>>>>>>> Há uma metalinguagem aqui no blog - fora esses quadrinhos, né. Você consegue identificá-la?

sábado, 16 de maio de 2009

Cada uma...


Pedi um Sundae de morango.

Sim, eu falei sundae, mas pensei no Milk Shake. Acho que isso acontece, não só comigo, falar em uma coisa pensando em outra. Bom, talvez não aconteça exatamente se tratando de sobremesas de morango...

Enfim, eu pedi um sundae de morango, pequeno. Visualizando já o meu copo com Milk Shake de morango. O cara me olhou. Na verdade a cara dele era de “nós só temos um tamanho de sundae”, mas eu só saberia disso depois...

O cara me perguntou então se era o de 4 reais e pouco. Disse que era esse mesmo, meu Milk Shake costumava ser um pouco mais barato, coisa de centavos, mas com a crise, né, nunca se sabe... nem discuti.

Castanha, senhora?” Disse ele. Novamente eu vi meu copinho de Milk Shake, nunca teve castanha antes, e depois aquelas castanhas vão entupir o canudinho e, se conseguirem passar vão fazer um contraste não muito agradável com o Milk Shake tão cremoso. No fim das contas, castanha é coisa pra sorvete, não pra Milk Shake. Falei que não.

Nessa hora outra atendente já me estendia um copinho, menor que minhas lembranças do Milk Shake, com um sundae branco encharcado de cobertura vermelha e uma colherzinha da mesma cor.

Por um milésimo me lembrei da cara que o rapaz fez, do preço, e a ficha caiu enquanto ele me dava o troco dos meus 50 reais que quase o fizeram chorar.

Fazer o quê, eu só estava ali para trocar o dinheiro, mas pensei cá com meus botões: “Devia ter pedido as castanhas”.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Virei blogueira!

Eu vivo na internet lendo e lendo os blogs alheios e de repente, por que não ter o meu?
Pois é, tá aí então. Fiz. Não sei onde vai dar, talvez seja só um site que ninguém além de mim vá ler, mas de qualquer forma, é um cantinho meu, pra escrever o que quiser. Pelo menos é mais uma das coisas que eu fiz na minha vida! Bom, pra começar é isso. Depois eu venho com um primeiro post de fato. Bye!