quinta-feira, 30 de junho de 2011

E as suas garrafas? Estão cheias?




A menina pegou a carteira, enfiou os dedos no compartimento secreto e sentiu a chave fria, pegou-a, apertou na palma da mão e a colocou no bolso onde permaneceu com a mão. Esperou todo mundo sair. 

Então a menina foi para o quarto, abriu a última gaveta, tirou as roupas do fundo e puxou umas garrafas vazias. Abriu outra gaveta e tirou mais algumas garrafas, fez isso com todas as gavetas. Pegou uma mochila grande e foi empilhando delicadamente as garrafas dentro dela. Em seguida foi para a parte em que as roupas ficam estendidas no guarda-roupa, empurrou-as para o lado e pegou uma caixinha de metal com um cadeado na frente. Pegou a chave no bolso e abriu-a. Dentro havia pequenos tesouros da menina. Um papel de bala, uma pétala seca, um pingente, um guardanapo escrito... a menina se perdeu no tempo olhando e remexendo naqueles guardados. De repente, como quem sai de um transe, olhou para a caixa, pegou um pequeno envelope com os dizeres POSTO DE TROCA, abriu, leu, fechou os olhos e repetiu pra si mesma o endereço contido no papel. Pôs de volta no envelope, o envelope na caixa e trancou. Empurrou para o fundo do guarda-roupa, arrumou os cabides tampando a caixa. Pegou um banco e subiu ao lado do guarda-roupa, na ponta do pé esticou a mão e sentiu uma garrafa vazia. Uma a uma a menina colocou mais algumas garrafas na mochila e a fechou.
Fez uma ligação: “Tudo pronto?... Tá, vou sair agora!” Desligou e saiu de casa, foi até o início de sua rua, virou à esquerda. 
Mais umas ruas à frente um menino esperava na esquina. Quando ela se aproximou puseram-se a caminhar lado a lado. Em silêncio eles continuaram caminhando por algum tempo. Até que o menino mostrou a palma da mão com alguma coisa escrita: “Era isso?”. “Sim”, respondeu a menina. “Igual o meu!”. Continuaram. 
Andaram muito, muito, muito, muito. Chegaram a uma rua impossível de descrever. “É aqui mesmo?” perguntou o menino. Ela afirmou com a cabeça e foram andando. Há alguns minutos mais à frente, o garoto viu o local que eles vieram encontrar aumentando e se aproximando a cada passo. Era ali! Não restavam dúvidas. Eles viraram de frente para a grande construção hesitantes por alguns segundos. Depois respiraram fundo e subiram os três degraus até a entrada. Passaram pela porta e pararam frente ao balcão. 
O menino, que era mais alto, tocou a campainha. O tilintar se espalhou no meio de todo aquele calmo silêncio. Não demorou muito apareceu um senhor bem velhinho por detrás do balcão. Ele tinha a cara simpática de quem vende as mais deliciosas balas do universo. Ele sorriu e aguardou. Os dois amigos tiraram as mochilas, agacharam, abriram-nas e colocaram em cima do balcão. Enquanto o velho aproximava-se para conferir o conteúdo, a menina foi explicando: “Disseram que se tomássemos tudo, podíamos vir buscar a felicidade”. O velho entendeu, olhou para o conteúdo de uma das mochilas, o rótulo nas garrafas trazia apenas uma palavra: Juízo.


Uma homenagem ao meu amigo Aristeu Jr  =)


E você, já tomou juízo hoje?

3 comentários:

  1. Nuss, que bunitinho!
    Era eu e vc caminhando em busca da felicidade?
    \o/
    E o velho entregou a felicidade?
    hehehehehehehehe

    :D

    ResponderExcluir
  2. que cute *o*

    (...)aí eles perceberam que a felicidade não está no fim da jornada, e sim em cada curva do caminho que percorreram para encontrá-la.

    ;p

    ResponderExcluir